Neuquén - Argentina

Gustavo Foerster - SnowKite Experience Argentina

Gustavo Foerster

O Kitesurf é um esporte com muitas possibilidades. Experimentar diversas abordagens faz parte da vida de um atleta profissional e estamos buscando sempre algo novo que ainda não conseguimos realizar.

Fotos por Diego Constantini

Kite na neve sempre esteve na minha mente, cheguei a ir ao Colorado em 2016 para tentar praticar mas o vento não colaborou. 

Em 2018 recebi o convite do multi atleta Fernando Fernandes para uma missão radical, praticar Kitesurf na neve e depois dropar as montanhas de San Martin de Los Andes de Snowboard. A missão incluía subir de helicóptero em um planalto no Sul da Argentina, onde teríamos condições clássicas para o snowkite. E depois dropar 4km de montanhas fazendo um free ride de ski e snowboard.

Apesar de ter quase nenhuma experiência na neve parti para o desafio com a missão também de fazer do Fernando o primeiro Snowkite Adaptado do mundo, já que nossa missão na água já foi concluída com sucesso.

Fomos muito bem recebidos por Chomp e Diego, velejadores e montanhistas muito habilidosos que descobriram o C4, uma plataforma acima das montanhas com área perfeita para o snowkite. Os primeiros dias esquiamos um pouco para nos ambientar e no terceiro dia partimos para o Heli Kite Experience. Fomos lançados em uma área a 4km acima do nível da cidade, com temperatura abaixo do zero grau. Fizemos um acampamento e assim que o vento entrou começamos os primeiros bordos.

A grande dificuldade era o vento rajado, e a abordagem diferente do esporte. O Vento térmico funciona de baixo pra cima e as vezes em seu nível não tem potência e no alto você encontra 20 knots plus. Muitas rondadas precisam tb sempre de loops no kite para manter a pressão do velejo. Meio dia muitas vezes faz você flutuar alto e o hangtime é incrível, mas difícil de controlar. Imagine dar um salto e fazer um upwind voando… Pode acontecer.

A sessão foi irada, Fernando deu vários bordos mesmo com o vento o fraco aplicando alguns downloops. Subia a montanha girando e descia de kite parado. Sensação incrível! No final ainda passei uma das maiores aventuras da minha vida. Como não tinha muita experiência com snowboard minha intenção era voltar no helicóptero da equipe. Porém fui informado que não caberia e teria que dropar os 4km de free ride na montanha.

Praticamente minha segunda session de snowboard e iria encarar um percurso fora de pista e bem íngrime. Foi Punk. Mas foi animal! Primeiro uma neve virgem digna de filme. Depois um bosque animal. Depois ficou tão ingrime e eu não consegui contornar umas pedras e ai fizemos um rapel...depois mais caminhada, esquiada, quedas e muitas risadas. Agradeço ao Diego e Chomp que vieram ao meu lado para dar a força e manter a vibe positiva. No final um churrasco de Cordeiro na selva Argentina, com Coronas no gelo das montanhas foi o meu prêmio. Todos na alegria da chegada depois de um dia incrível em suas vidas.

Foi muito bacana conhecer grandes personagens do kite na argentina, e ver que eles estão a buscar novos limites e abordagens no esporte. Quando achei que já conhecia bastante sobre as técnicas do kite, essa modalidade na neve me fez ver que existem outras possibilidades e abordagens super radicais e interessantes que podem ser feitas. O último dia ainda foi coroado com uma outra session de Snowkite e um drop insando de

snowboard no final.

Saimos de lá com a missão cumprida e muita gratidão pelas pessoas que nos ajudaram no projeto. Obrigado Thiago Grava pela oportunidade de realilzar esse trabalho com você. Chomp, Diego e irmãos de argentina, pela experiência tão marcante. Cerro Chapelco, a melhor pista de Snow da Argentina! San Martin de los Andes, a Terra do nunca existe e fica ao sul de Bariloche, um dos lugares mais bonitos que já vi na minha vida.

Dicas para o SnowKite:

- Use prancha de snowboard, com as travas da bota mais frouxas pra poder cravar com as pernas.

- Procure picos com Planalto. Argentina e Chile são algumas opções e Colorado e Utah também.

- Use kite foil se possível. Absorvem melhor a rajada. Use números menores e abuse dos loops. O vento é rajado, térmico e muda muito a direção durante o velejo.

- Procure um guia local e se informe bastante antes de ir.

- O ideal é que você tenha experiência com ventos fortes, rajados e saiba ejetar seu equipamento se precisar.

Confiram algumas fotos dessa aventura, Aloha!

Gustavo Foerster

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