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Brasil

Design e cultura beira-mar: do pranchão ao longboard

Guilherme Pallerosi

O longboard é uma releitura dos pranchões dos anos 50 e 60, que voltaram mais de 30 anos depois trazendo muita nostalgia e curtição para o surf

O longboard devolveu ao surf pessoas que não se identificavam com as pranchinhas, assim como surfistas com mais de quarenta anos, algumas garotas de atitude e outras figuras à cena do surf.

Uma prancha grande (de 9 a 10 pés), com muita flutuação e uma quilha grande e larga. O pranchão da década de 1950 era quase uma embarcação para os padrões das pranchinhas de alta performance de hoje, mas conseguia encarar ondas pequenas ou muito maior que 2 metros. Os primeiros pranchões eram de madeira balsa e resina epóxi: um verdadeiro jipe do mar! Logo surgem materiais mais leves e de fácil manuseio, como o poliuretano e a resina de poliéster.

A quilha central foi um artifício estratégico. Com bastante área de contato com a água, impõe velocidade e uma estabilidade incrível. Os pranchões possibilitaram caminhar até o bico da prancha e voltar, ou mesmo pegar uma onda de carona com alguém. Outras vantagens se somam como a remada mais eficiente e o fato de não precisar ser um grande atleta ou esperar por grandes ondas para tirar um lazer. Mas o principal, o surf no pranchão conta a curtição, o estilo e a beleza, muito mais do que as manobras que aproveitem toda a extensão da onda.

Uma boa amostra do estilo old school esta no filme de David Achaap , do campeonato anual de entusiastas do pranchão clássico, promovido pelo pessoal do Deus ex Machina.

Mesmo assim, nos anos 70, a enorme maioria dos surfistas eram adeptos das pranchinhas, tentando fazer manobras alucinadas, pegar ondas maiores e em condições perfeitas. Mas muitos surfistas iniciados nos velhos tempos, e outros amantes do esporte dos ancestrais polinésios, não se adaptaram aos novos shapes e ao estilo frenético do surf moderno.

Nos anos 80, surfistas e shapers da old school, como Bob McTravish, Nat Young, entre outras figuras dos anos 60 voltaram surfando longboards e promovendo campeonatos e muita diversão.

O movimento começou a ter mais e mais adeptos, shapers especializados e circuitos profissionais. Os pranchões passaram a se dividir entre clássicos e os novos longboards progressivos, com desenhos arrojados e muitas influências das pranchinhas de alto desempenho. Os novos “longs” são menores (9’0), com espessura mínima, levando 3 ou 4 quilhas iguais, ou uma central e duas estabilizadoras laterais, buscando o máximo de leveza e liberdade para manobras.

Pranchões, longboards e fanboards; a releitura dos clássicos devolveu a democracia ao surfe, como alternativa para outros estilos e públicos apaixonados por surfe. Salve a diversidade!

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